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Passeio por ruelas de Saluzzo revela ótima qualidade de vida

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O centro histórico de Saluzzo se espalha por um morro ladeira acima. No topo, reina um pesado castelo. Decido me esgueirar pelas ruelas tortuosas, tomando à esquerda ou à direita, seguindo apenas uma intuição fotográfica. Não corro perigo de me perder; para retornar ao mundo moderno basta fazer meia volta e descer.

Saluzzo foi famosa como capital do Marquesado, cidade que viveu sua época aúrea entre meados do século XII e 1601. O marquês Ludovico I foi o expoente da dinastia, no século XV. Seu poder se extendia por essa região ao noroeste da Itália, próxima à fronteira com a França.

As ruelas medievais de Saluzzo serpenteiam pela encosta; uma passagem embaixo da igreja San Giovanni forma um túnel.

Minha curiosidade continua viva e descubro uma enorme torre que domina a cidade. É a Torre Cívica, ponto estratégico para a observação da planície aos pés da cidade. Começou a ser erguida em 1462, por ordem de Ludovico I, como um símbolo da autoridade da comunidade, se contrapondo à torre da catedral, ligada ao poder religioso. O prédio que a sustenta é o Palácio Comunal e existia uma diversidade de comércios sob seus pórticos – de farmácia a ferreiralheira.

A torre tem 48 metros de altura; a recuperação dos 130 degraus em 1993 permitiu que seu topo pudesse ser visitado.

Do alto da Torre Cívica, a vista dos casarões renascentistas da Salita al Castello (Subida do Castelo).

Sou avisado que se há uma mansão a ser visitada, devo ir à Casa Cavassa.
O palácio foi a residência de Galeazzo Cavassa e seu filho Francesco. Ambos exerceram a função de Vigário do Marquês, uma espécie de governador ou secretário executivo do poderoso nobre. A casa possui enormes salas com pinturas renascentistas, imponentes arcos e sacadas de madeira.

Interior da Casa Cavassa; no segundo andar do prédio, sete painéis de uma parede pintada na técnica grisaille, em preto e branco, ilustram “Os Trabalhos de Hércules”.

Detalhe da sacada com as pinturas “Os Trabalhos de Hércules”, realizada pelo artista holandês Hans Clemer entre 1506 e 1511.

Finalmente chego ao final da vila, dominada pelo gigantesco “Castiglia”. Durante os quatro séculos do Marquesado a pesada construção retangular serviu como residência fortificada dos marqueses. Originalmente construído entre 1270 e 1286 – há mais de sete séculos! – o castelo serviu como palco de pomposos casamentos, mas também foi esquecido e deixado em ruínas.

Em 1825, a edificação foi renovada e passou a ser uma prisão!
“Quando eu era criança, passava por perto do castelo e ouvia o ranger dos pratos metálicos raspando pelas barras das janelas”, afirma Gabriella Giordano, que, menina, morava em Saluzzo. “Eu ficava apavorada com a barulheira.” A prisão foi desmantelada apenas em 1992.

Depois de viver tempos nobres e nefastos, hoje Castiglia tornou-se um centro cultural com exposições e é o palco do Carnaval de Saluzzo.

A caminhada pela cidade acima é exaustiva. Começo meu caminho de regresso. Mas, ao passar por um pequeno restaurante na Subida do Castelo, decido fazer uma pausa. O dono do Caffé del Borgo me avisa discretamente que estou sentado ao lado da mesa de Paolo Allemano, nada menos que o prefeito da cidade.

Aproveito a ocasião para me apresentar como brasileiro (nascido em Roma) e estabeleço o diálogo com o senhor discreto de cabelos grisalhos. Sublinho o fato de estar encantado com o centro histórico de sua cidade, mas que ela parece “um pouco parada no tempo”…

“Saluzzo, durante os quatro séculos do Marquesado, era o polo principal da região. Hoje é apenas uma cidade de 16 mil habitantes”, afirma Paolo Allemano. “Queremos transformar a nobreza do passado em vitalidade moderna.” O prefeito conta que, pouco a pouco, a cidade se renova, ampliando sua vida cultural, atraindo pequenas empresas familiares e explorando a fruticultura.

“Não podemos ficar parado no passado. Uma prova do vigor de Saluzzo é que, entre todas as cidades italianas de pequeno e médio porte, ela figura na lista de ‘Melhor Qualidade de Vida’ na quinta posição!

A beleza, a limpeza e a harmonia arquitetônica do lugar devem ter pesado bastante nas contas!

À noite, comprovo uma nova faceta da riqueza da região: a gastronomia. A bandeja de queijos chega com uma variedade de 40 sabores diferentes.


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